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sábado, 22 de janeiro de 2011

Um olhar do fim da vida...

    Não me importa por quantas milhares de experiências eu passei, sei que cada uma delas me ensinou algo para viver, para me mover e escolher. Nada me foi gasto, mais do que minha bela desastrosa vida que ficou pra trás... Mas será que não há vida adiante? Diante de tanta angústia de não poder fazer mais nada, de não poder me levantar sem esforço? Mas o que pode ser mais gratificante do que um esforço bem recompensado? 
   
    Ainda posso ver aqueles que eu me afeto, aqueles que eu me lembro, mesmo depois de terem partido. Seja para outra vida, outro local, sempre ficaram na minha memória, porque sou feito daqueles que me fizeram, que me construíram ou destruíram. Não faz diferença, são lembranças, são pessoas que para sempre me lembrarei mesmo que minha memória fraca de tanto existir falhar... ainda serei eu.
   
    Ainda serei aquele menino, que dava língua para os adultos caretas, que só falavam em moral e compromisso social, botando de lado todo o sentimento que pelas suas veias existem. E nunca deixarão de existir. Porque, no final da vida, tudo se é passado a limpo. Todas as ações e pensamentos. Todas as coisas importam. Tudo importa. Por mais que minhas costas me massacrem para pedir descanso, não faço descaso. O importante é sorrir para as crianças, para os adultos, para os velhos senhores que se encontram quase na mesma situação em que me encontro.
   
    Me reclamam as rugas, que tenho com orgulho. Orgulho de ter uma vida tão expressiva. Cada sentimento era estampado no meu rosto como cartaz de estréia de cinema. E ainda é, bem mais definido do que jamais foi. Digo que amo todas as coisas, que odeio todas as coisas, afinal, pra que ficar grudado no Faustão todo dia? Não há nada de produtivo nisso, ora bolas!
    
    Ainda consigo lembrar, deitado em meu leito, pelas várias vidas que já passei. Vida de criança, de adolescente, de adulto, de "quase velho"... A diferença é consigo ver todas essas pessoas que já fui correrem na minha frente, ao meu redor, deixando claro que elas ainda existem e nunca me deixarão.

    Ainda deitado em meu leito consigo lembrar de toda minha vida, de toda a minha jornada, até que vejo o olhar belo de uma moça que se encontra ao pé da minha cama junto com várias pessoas com os olhos cheios de lágrimas. "Não te preocupes", digo-lhe. "A vida ainda há de ser vivida...". E a moça junta-se a mim segurando minha mão com força, mas não sinto dor. Sinto alegria...

   Felizmente foi a ultima coisa que senti...

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